Dra. FERNANDA CARUSO FORTUNATO FREIRE

O período gestacional pode apresentar uma série de sintomas e mudanças corporais , a incontinência urinária na gestação é mais uma  delas.

Incontinência urinária é a perda involuntária de urina pela uretra e pode ser 

  • por esforço: perda involuntária mediante a algum esforço, como tossir, espirrar, dar risada.  
  • por urgência: vontade muito intensa de urinar com perdas de urina  antes de chegar ao banheiro
  • mista: quando existem sintomas de urgência e de esforço

É muito frequente gestantes se queixarem de perda de urina  e aumento da frequência urinária de dia ou durante a noite na consulta de pré-natal. Até 40% das gestantes podem apresentar algum sintoma de perda de urina ao longo da gestação, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia.

Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta,além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

Por que as gestantes podem apresentar incontinência urinária?

As causas de incontinência urinária na gestação não são totalmente esclarecidas, mas sabe-se que  mudanças anatômicas e hormonais levam a:

  •  maior mobilidade do colo vesical ( grupo de músculos que ligam a bexiga a uretra)
  • relaxamento da musculatura do assoalho pélvico devido ao aumento da produção de progesterona ( hormônio produzido em grande quantidade na gestação). Os músculos do assoalho pélvico são como uma rede que suporta e sustenta os órgãos pélvicos, inclusive o útero.
  •  maior produção de urina: a gestação proporciona um aumento do volume sanguíneo , sendo assim, os rins precisam trabalhar mais, aumentando a produção de urina.
  •  aumento do resíduo de urina dentro da bexiga: o aumento do resíduo na bexiga acontece devido à produção de progesterona ( que aumenta na gestação) e torna o esvaziamento vesical mais ineficaz. O resíduo urinário aumentado pode, inclusive, elevar o risco de infecção urinária.
  •  menor capacidade de bexiga  de armazenar urina, contribuindo para o aumento da frequência urinária  e   urgência miccional (vontade muito forte e repentina de urinar): o útero cresce ao longo das semanas de gestação e vai aumentando a pressão em cima da bexiga, o que reduz a sua capacidade de armazenamento. 
  •  perda de urina ao esforço: devido ao aumento da pressão em cima da bexiga , juntamente com a pressão realizada pelo  “ esforço”, podem acontecer episódios de perda de urina.
  • diabetes gestacional:  foram realizados estudos que mostraram aumento da incidência da incontinência urinária em gestantes com incontinência urinária.
  • tabagismo: o uso de tabaco é proscrito na gestação!!!!

Em  qual fase da gestação é mais comum ter incontinência urinária?

Incontinência urinária na Gestação
Foto de freestocks na Unsplash

Os sintomas de incontinência urinária ficam mais intensos no terceiro trimestre da gestação, pois nessa fase o feto já está bem grande e pesado, o que faz com que o útero pressione cada vez mais a bexiga e aumentando os sintomas de incontinência urinária, de aumento da frequência urinária durante o dia e à noite.

Puerpério e incontinência urinária

Puerpério é o período de até 42 dias após o parto. É uma fase de muitas mudanças físicas, psicológicas e adaptações. 

 Algumas puérperas podem apresentar incontinência urinária de esforço após o parto. Geralmente este sintoma está mais relacionado às pacientes que:

  •  apresentaram parto normal, principalmente nos casos de trabalho de parto prolongado ( com mais de 20 horas, por exemplo),  
  • àquelas que passaram pelo trabalho de parto e foi realizada cesárea 
  • a partos com bebês com mais de 4 quilos.

O que fazer se tiver sintomas de incontinência urinária  na gestação ou puerpério?

A gestação e puerpério são períodos contraditórios que,  ao mesmo tempo que se experimenta  felicidade  e expectativas , vivencia -se novos e velhos medos, cobranças. A incontinência urinária tem um impacto muito negativo na qualidade de vida, então, o que fazer?

 Converse com sua ginecologista. O pré natal é o espaço para a gestante e/ou puérpera conversarem, tirarem dúvidas e colocarem tudo o que as incomoda.

Não esconda esses sintomas, nem sinta vergonha de pedir ajuda!

Qual o tratamento para incontinência urinária na gestação e puerpério?

O tratamento principal é o treinamento dos músculos do assoalho pélvico com  exercícios sob orientação da fisioterapeuta. Os exercícios podem ser realizados durante a gestação ( se não houver contra indicação) e  também após parto. O momento de iniciar os exercícios será definido pela ginecologista/uroginecologista juntamente com a fisioterapeuta especialista e reabilitação do assoalho pélvico.

Gestantes que apresentam sintomas de incontinência urinária na gestação têm uma chance maior de apresentar esses sintomas  no pós parto. 

A incontinência urinária após o parto costuma ser transitória e durar por volta de 3 meses.

A manutenção desses sintomas após esse período requer nova avaliação da ginecologista para uma boa conversa (cada paciente tem suas particularidades)  e exame físico e também da fisioterapeuta , sendo que podem ser necessárias outras modalidades de tratamento como cirurgia para correção de incontinência urinária (sling) ou laser vaginal.

Como prevenir incontinência urinária na gestação e puerpério?

  1. Bons hábitos urinários: não segurar a urina e o esvaziamento adequado da bexiga ao urinar.
  2. Ganho de peso adequado ao longo da gestação contribuem para prevenir sintomas. 
  3. Alimentação rica em fibras e ingestão adequada de líquidos: garantir que as fezes não fiquem endurecidas faz com que seja feita menos força para evacuar, sobrecarregando menos o assoalho pélvico.
  4. Evitar alimentos e bebidas que são irritativos  para a bexiga, como cafeína, alimentos e bebidas cítricas, comidas apimentadas.
  5. Treinamento dos músculos do assoalho pélvico com  exercícios sob orientação da fisioterapeuta que previnem sintomas de incontinência  na gestação e no  pós parto. 

Muitas gestantes e puérperas deixam de falar com a médica sobre os sintomas de perda de urina, seja por vergonha ou por achar que é normal.

Perder  urina nunca é normal e tem tratamento!

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Fonte: https://www.febrasgo.org.br/rbgo/uploads/arquivos/html/2015-37-effectiveness-of-an-illustrated-home-exercise-guide-on-promoting-urinary-continence-during-pregnancy-a-pragmatic-randomized-clinical-trial.html

Dra Fernanda Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta, além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

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