Dra. FERNANDA CARUSO FORTUNATO FREIRE

A principal causa de dor ao urinar (disúria) em pessoas com útero  e vagina é a infecção urinária bacteriana. Leia o texto abaixo para entender um pouco mais sobre esse assunto!

O que é infecção urinária?

bactérias e infecção urinária
Imagem de Freepik

 Infecção urinária consiste na presença de bactérias no trato urinário inferior ( bexiga e uretra),  causando sintomas e alterações em exames laboratoriais, como urina tipo 1 e urocultura.

A principal bactéria causadora é a Escherichia coli, que faz parte da flora intestinal normal do ser humano. A  infecção urinária também pode ser causada por outras bactérias como Proteus e Klebsiella. 

A infecção urinária bacteriana é 9 vezes mais comum em pessoas com útero e vagina. Mas por que?

 São diversos fatores que influenciam: 

  • a uretra feminina (canal por onde sai a urina) é curta (diferente da masculina) tornando o caminho da bactéria até a bexiga mais fácil
  • proximidade muito grande da uretra com a vagina e região perianal,  locais potencialmente contaminados com bactérias pertencentes a estes locais, mas que quando chegam na bexiga podem causar infecção
Dra Fernanda Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta,além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

 Quais são os fatores de risco para infecção urinária?

  • gestação: gestantes estão mais suscetíveis a apresentar episódios de infecção urinária devida a queda de imunidade típica da gestação, além de modificações anatômicas e do ph da urina também causadas pelo estado de gravidez
  • atrofia genital (secura vaginal): a secura da mucosa vaginal, ocasionada principalmente pela menopausa, pode deixar a pessoa mais suscetível a episódios de infecção urinária, pois as mudanças no ph vaginal e na flora vaginal fazem que com que bactérias que podem causar infecção urinária colonizem a vagina mais frequentemente.
  • prolapso genital: prolapso genital consiste na queda das parede vaginais e/ ou útero pode comprometer o esvaziamento da bexiga devido a obstrução da uretra pelo prolapso  e ocasionar infecção urinária.
  • problemas no esvaziamento vesical como em alguns casos de bexiga neurogênica podem aumentar o risco de infecção urinária, pois fazem com que haja resíduo de urina na bexiga após a micção.

Quais são os sintomas mais comuns de infecção urinária?

infecção urinária dor para urinar
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  1. ardor para urinar, 
  2. dor em baixo ventre, 
  3. aumento da frequência urinária, 
  4. sensação de esvaziamento incompleto da bexiga 
  5. sangramento na urina
  6.  incontinência urinária.

Mas atenção: gestantes, pessoas idosas e ou com a imunidade comprometida ( por exemplo pessoas que fazem quimioterapia) podem apresentar sintomas atípicos, como alteração do estado de consciência , muito comum no caso de pessoas idosas. Por isso é sempre importante buscar uma profissional da saúde no caso de suspeita de infecção.

O diagnóstico de infecção urinária

exame de urina
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O diagnóstico da infecção urinária é feito através  da  história dos sintomas da paciente e do exame físico. Em alguns casos, como em gestantes e pessoas com infecção urinária de repetição, deve -se coletar urina tipo 1 e urocultura.

A urina tipo 1 mostra, dentre outros fatores, o número de leucócitos ( células de defesa) que nos casos de infecção urinária estará aumentado.

A urocultura é o exame que mostra se há crescimento de bactéria na urina e quais antibióticos são mais adequados para serem usados no tratamento.

 Como tratar a infecção urinária?

A infecção urinária bacteriana deve ser tratada com antibióticos adequados prescritos pela médica. Não se deve fazer uso de antibiótico sem prescrição médica, pois além de não fazer efeitos em alguns casos, pode aumentar os níveis de resistência bacteriana aos antibióticos e tornar o tratamento da infecção urinária cada vez mais difícil. 

Após o início do uso de antibiótico, os sintomas devem melhorar em até 48 horas.

Infecção urinária de repetição: o que é?

Infecção urinária de repetição é a presença de pelo menos 3 episódios de infecção urinária  em 12 meses ou 2 em 6 meses. Quando esse diagnóstico é feito , pode ser feita a 

 prevenção com antibióticos, imunomoduladores, sempre sob prescrição médica.

Qual o risco de não tratar corretamente a infecção urinária?

Quando a infecção urinária não é tratada de maneira adequada existe o risco dessas bactérias se deslocarem para os rins, causando infecção renal, também chamada de pielonefrite.

 A  pielonefrite pode causar dor ou sensibilidade na região lombar e febre. Esse é um quadro bem mais complicado ( principalmente em gestantes e pessoas idosas)   e que pode levar a  infecção generalizada e morte.

Como prevenir infecção urinária?

  • tratar atrofia das mucosas vaginais (secura vaginal) com cremes vaginais com hormônios e/ ou terapias de energia, como laser vaginal.
  • adotar alguns hábitos, como:

     – urinar após a relação sexual com penetração: durante a relação sexual ( seja ela com penetração vaginal ou anal) bactérias da região próxima do ânus podem ser levadas para região próxima da uretra . A micção após o ato sexual ajuda a eliminar essas bactérias.

                            – higiene adequada após micção ( sempre fazer a higienização começando pela região da uretra e depois ir no sentido da região anal)

                            – ingesta adequada de líquidos: beber água é importante para manter o bom funcionamento do organismo e evitar formação de cálculos renais.

   – esvaziar a bexiga adequadamente: quando vamos urinar é importante que toda a urina seja eliminada ( mas sem fazer força) para evitar resíduos de urina que podem aumentar o risco de infecção urinária.

O uso de cramberry é importante na prevenção da incontinência urinária?

O cramberry pode ser encontrado comercialmente em cápsulas ou suco e sua ação consiste em evitar que as bactérias fiquem aderidas na parede da bexiga. O seu uso é praticamente isento de efeitos colaterais.  Não  existem evidências científicas importantes que garantam o uso do cramberry como um meio de prevenção legítimo para infecção urinária.

Mitos sobre infecção urinária

Mitos infecção urinária
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  • Eu posso pegar ou passar infecção urinária para meu/ minha parceiro(a)  durante a relação sexual? 

              MITO:  a infecção urinária não é uma infecção sexualmente transmissível (IST), logo não adquirimos infecção urinária por via sexual. A relação sexual pode ajudar no deslocamento de bactérias que já moram na região do períneo e vulva para a uretra.

  • Eu posso pegar infecção urinária sentando em vaso sanitários públicos?

MITO: Não pegamos nenhuma doença sentando em vasos sanitários públicos. 

  • Eu posso passar a  infecção urinária para alguém?

MITO: A infecção urinária não é uma doença contagiosa, nem transmissível.

Se você apresenta episódios recorrentes ou sintomas de infecção urinária,  não deixe de marcar uma consulta!

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Fonte: https://sogirgs.org.br/area-do-associado/Infeccao-do-trato-urinario-2021.pdf

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/423-infeccao-urinaria-de-repeticaoaspectos-atuais#

Dra Fernanda Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta, além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

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