Dra. FERNANDA CARUSO FORTUNATO FREIRE

Atrofia vaginal, também conhecida como secura vaginal, tem grande impacto na qualidade de vida das pessoas que têm vagina. Mas por que isso acontece? Leia o texto abaixo e descubra!

O que causa atrofia vaginal?

A atrofia vaginal ocorre devido à diminuição dos níveis de estradiol (hormônio produzido principalmente por células dos ovários) circulante trazendo diminuição da produção de glicogênio nas camadas de células dos tecidos da região genital (vulva, vagina, região periuretral) tornando-as mais finas e enfraquecidas.

Isso pode ocorrer em diversas circunstâncias: 

  • durante o período de amamentação: a amamentação pode bloquear o ciclo menstrual reduzindo os níveis de estradiol 
  •  hiperprolactinemia: o aumento desse hormônio, a prolactina, bloqueia o ciclo menstrual e reduz os níveis de estradiol 
  •  o uso de algumas medicações, como por exemplo, anticoncepcionais combinados ( com estradiol e progestágenos), com o uso de testosterona por pessoas trans masculinas
  •  radioterapia nessa região para o tratamento de algumas doenças 
  •  tabagismo também podem contribuir, pois também reduz os níveis de estradiol.
  •   no CLIMATÉRIO e  transição para menopausa: nessa fase biológica da vida os ovários diminuem e depois cessam, completamente, a produção de estradiol.
Dra Fernanda Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta,além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

Atrofia vaginal na Menopausa

A atrofia vaginal no climatério é um sintoma muito comum e sua prevalência varia de 36 a 90%. A secura vaginal , ao contrário de outros sintomas do climatério que tendem a diminuir ao longos dos anos, se não tratada adequadamente , só piora. 

Os sinais de atrofia podem iniciar anos antes da menopausa, entre 40-45 anos.

Quais os sintomas e sinais de atrofia genital? 

dor na vagina, coceira
Imagem de Freepik

A paciente refere sensação de:

  1.  secura na região vaginal e vulvar
  2. ardor, sensação de queimação
  3. coceira  
  4. dor à penetração vaginal na relação sexual 
  5. dor ao urinar
  6. urgência miccional (vontade muito intensa de urinar) 
  7. piora dos sintomas de incontinência urinária de esforço (perda involuntária de urina mediante a algum esforço, como tossir)
  8. aumento das idas ao banheiro para urinar durante a noite, atrapalhando o sono.
  9. aumento do risco de apresentar corrimentos vaginais e infecção urinária.

O diagnóstico  de atrofia vaginal

O diagnóstico da atrofia vaginal é feito através de consulta médica com uma boa conversa com a ginecologista e exame físico. Existem alguns sinais físicos que contribuem para o diagnóstico:  coloração mais pálida das paredes vaginais, diminuição dos pêlos, por exemplo.

Exames subsidiários serão solicitados quando for necessário descartar outras doenças.

O impacto da secura vaginal na vida sexual

 O desejo sexual é algo que depende de vários fatores . No climatério temos um fator biológico que é a diminuição dos níveis de estradiol e testosterona que influenciam negativamente no desejo. A atrofia vaginal vem como mais um complicador dessa fase, pois, como foi dito anteriormente, a atrofia vaginal pode causar dor na penetração vaginal. 

A dor na penetração vaginal coloca a pessoa num círculo vicioso, pois a dor faz com que a mesma deixe de desejar ter relação, pois sabe que vai ser doloroso, contribuindo para essa questão complexa que é a diminuição do desejo sexual no climatério.

Como tratar a atrofia vaginal?

Imagem de Freepik

O tratamento consiste na utilização de:

  •  terapia hormonal com cremes tópicos que são introduzidos na vagina
  • cremes sem hormônios, como cremes com ácido hialurônico 
  • terapias de energia, como laser vaginal de CO2

Independente do tratamento escolhido é muito importante usar um lubrificante da sua preferência para a penetração vaginal.

Laser Vaginal 

O laser vaginal de CO2 é um tratamento eficaz para  atrofia genital. Essa terapia surge como alternativa importante para pessoas que têm contraindicação ao uso de hormônios tópicos ( cremes com hormônio) ou não tiveram resultado satisfatório com o uso dos creme vaginais.

O laser vaginal estimula os fibroblastos ( células produtoras de  colágeno)  a produzirem colágeno, melhorando, assim, a elasticidade da vagina, além de também aumentar a espessura da parede vaginal e circulação sanguínea da região.

O Laser vaginal além da atrofia genital

Os efeitos benéficos do laser vaginal vão além da melhora da atrofia. O laser também pode ser usado  após parto vaginal para melhorar sintomas de frouxidão vaginal, sendo associado com a fisioterapia pélvica e perineal. 

Além disso, o laser possui um ótimo efeito no tratamento de fissuras vaginais.

Fissuras vaginais são pequenas rachaduras  na parede da entrada da vagina.  Elas podem aparecer devido a: 

  • secura vaginal devido à menopausa
  • amamentação
  • líquen  vulvar ( doença inflamatória da vulva de causa desconhecida, de diferentes tipos, que podem acometer pessoas com vulva de diversas idades) 
  • candidíase (corrimento vaginal causado por fungo, cândida albicans) de repetição
  • penetração vaginal sem lubrificação adequada.

As fissuras vaginais podem causar desconforto intenso na região vulvar prejudicando a qualidade de vida.

Mas como o laser é feito?

O laser vaginal é um procedimento de fácil execução, com pouquíssimas contra indicações. Ele é realizado em 3 sessões, 1 vez por mês.

O procedimento é praticamente indolor e  não dura mais do que 20 minutos.

Para realizar o laser vaginal  a pessoa precisa:

  • estar fora de seu período menstrual
  • ter exame de citologia oncológica ( papanicolaou) normal e recente
  • não estar com corrimentos vaginais, nem sintomas de infecção urinária
  • estar há 10 dias sem usar cremes vaginais 
  • estar há pelo menos 3 dias sem ter penetração vaginal.

Após o laser vaginal,  deve-se seguir as orientações médicas relacionadas ao uso de cremes e retorno às penetrações vaginais. Evitar exposição solar e banhos de imersão na primeira semana garantem um melhor resultado.

A atrofia vaginal compromete muito a qualidade de vida das pessoas com útero e vagina. O acompanhamento o com a ginecologista para definir qual o tratamento mais indicado para a melhora dos sintomas é essencial. Agende sua consulta!

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Fontes:

https://www.febrasgo.org.br/images/pec/vitamina-d/FPS—N3—Marco-2022—portugues.pdf

https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/VolZ46Z-Zn5Z-Z2018.pdf

Dra Fernanda Freire

A Dra Fernanda Caruso Fortunato Freire é ginecologista, uroginecologista. Formou-se na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP onde também fez residência médica de Ginecologia e Obstetrícia.

De 2012 a 2013 aprimorou-se no atendimento de Uroginecologia  na mesma Universidade. Apresenta, além disso, experiência no acompanhamento e prescrição de hormônios para afirmação de gênero.

Tem experiência no acompanhamento e tratamento de doenças como incontinência urinária, bexiga hiperativa, infecção urinária de repetição, síndrome da bexiga dolorosa, além de outras disfunções miccionais.

Além disso, também trabalha com a realização de cirurgias uroginecológicas, como correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária, perineoplastia, dentre outros procedimentos cirúrgicos.

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